Taxonomic Notes
Descrita em: Dobson, F., 1983. Systematic Botany 8(3): 274.
Justification
Árvore ou arbustos de até 12 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila, na Mata de Tabuleiro e em Mata de Cipó, associadas à Mata Atlântica, nos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. Apresenta distribuição ampla, EOO=100884 km², AOO=84 km², constante presença em herbários e presença confirmada em Unidades de Conservação de proteção integral. Sabe-se que perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001). Entre 2017 e 2018 foram desmatados 19 ha no Espírito Santo, 1.985 ha na Bahia e 3.379 ha em Minas Gerais (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Diante desse cenário, portanto, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) de extinção neste momento. Sua ocorrência em áreas degradadas poderá causar declínio de habitat ou populacional em futuro próximo, diminuindo o número de situações de ameaça para menos de 10, caso as ameaças não sejam controladas, transferindo a espécie para a categoria Vulnerável (VU). Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois uma extinção local pode ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para a implementação de Planos de Ação Nacional (PAN) em territórios situados ao longo da distribuição conhecida de Bunchosia macilenta.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, municípios de Alcobaça (Pinheiro 1757), Ipiaú (Araújo 26), Maracás (Silva 2275), Prado (Silva 2131), Santa Cruz Cabrália (Mori 10793), Teixeira de Freitas (2389 Santos); Espírito Santo, municípios de Águia Branca (Demuner 4820), Castelo (Carrijo 1565), Linhares (Santos 1474), Nova Venécia (Amorim 7174), Santa Teresa (Fernandes 1731), Serra (Cribari 144); e Minas Gerais, município de Ipanema (Gentry 49644).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores ou arbustos de até 12 m de altura (Folli 3939), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil, 2019), na Mata de Tabuleiro (Folli 3939) e em Mata de Cipo (Silva 2275).
Threats Information
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003; Saatchi et al. 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizada no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categoria de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004; Saatchi et al. 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004). Os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001). O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Entre 2017 e 2018 foram desmatadas 19 ha no Espírito Santo, 1.985 ha na Bahia e 3.379 ha em Minas Gerais. Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importante polos de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S.A. O município de Ipanema (MG) com 45664 ha tem 30244 ha (66,23%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Vulnerável (VU) e está incluída na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi registrada em Parque Estadual de Mata das Flores (PI) e na Área de proteção Ambiental Estadual Mestre Álvaro (US). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES) e Território Mucugê - 40 (BA).