Taxonomic Notes
Descrita em: Kostermans, A.J.G.H., Reinwardtia, 6:21., 1961. Aiouea erythropus (previouly known as Cinnamomum erythropus) foi confundida por Glaziou primeiramente com Persea erythropus, mas estudos detalhados com características florais (como a presença de pelos vermelhos na superfície interna das tépalas) bem como as características dos frutos (pedicelo dilatado, mas com hipanto plano e não alargado), levou a confirmar que se tratava da mesma espécie. Caracterizada pela folhas obovadas a elípticas ou oblanceoladas, pubescentes na face abaxial. Inflorescências cimosas-paniculadas, axilares. Flores amarelas ou avermelhadas, com pilosidade vermelha na superficie interna das tépalas. Frutos elipsoides (Lorea-Hernánez, 1996).
Justification
Árvore ou arbusto de até 6 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Campos Rupestres associados ao Cerrado em cinco municípios do estado de Minas Gerais. Apresenta distribuição restrita, EOO=3373 km², AOO=64 km², cinco situações de ameaça e ocorrência em fitofisionomia fragmentada. Mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira e espécies invasoras são grandes ameaças aos Campos Rupestres mineiros (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum neste bioma (Kolbek e Alves, 2008; Silveira et al. 2016). Embora a maioria das espécies de Campos Rupestres pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas, impedindo a regeneração das espécies nativas (Kolbek e Alves, 2008). Finalmente, a mineração a céu aberto representa uma das maiores causas de redução de biodiversidade ao longo da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (Fernandes et al. 2005), particularmente nos municípios em que a espécie foi registrada. Foi considerada Em Perigo (EN) de extinção novamente, uma vez que mesmo dentro de áreas protegidas de forma integral, suas subpopulações sofrem a incidência de ameaças diretas, particularmente na região do Quadrilátero Ferrífero (DNPM, 2019; MMA and ICMBio, 2009; Giulietti et al. 1987; Prado-Filho e Souza, 2004). Assim, infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, qualidade e extensão de habitat. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para a região central do estado de Minas Gerais. A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al. 2015).
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi registrada exclusivamente no estado de: Minas Gerais, Municípios de Sabará (Glaziou s.n.), Ouro Preto (Badini s.n.), Santana do Riacho (Fernandes 1527), Serra do Cipó (Duarte 2654), Itabirito (Lorea et al. 5582). Desenvolve-se em áreas de Campos Rupestres (Messias et al. 2011), entre 1300-1400 m de altitude (Lorea-Hernández, 1996).
Population Information
Não há dados populacionais para a espécie.
Habitat and Ecology Information
Cinnamomum erythropus é uma espécie arbórea ou arbustiva de 2 - 6 m de altura, tendo sido registrada em Campos Rupestres, incluindo Cangas ou Campos ferruginosos associados ao Cerrado no estado de Minas Gerais (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
Em toda a área do Quadrilátero Ferrífero, área em que a espécie foi amplamente documentada, a influência das atividades da mineração nos recursos ambientais e, principalmente, na qualidade dos mananciais hídricos, é bastante significativa, sendo que um dos mais importantes impactos atualmente verificados é o intenso carreamento de sólidos para as calhas dos rios e córregos, provocado principalmente pelas minerações de ferro (Cangas sobre os Campos Ferruginosos), além da constatada degradação da paisagem regional (Prado-Filho e Souza, 2004). Os Campos Rupestres ferruginosos da região do Quadrilátero Ferrífero, onde a espécie ocorre, sofrem grandes impactos devido a atividades de mineração. O Espinhaço é marcado, em praticamente toda a sua extensão, por uma ocupação humana antiga vinculada à extração de ouro ou diamantes e atividades associadas. No entanto, com o declínio das jazidas no final do século XIX, as cidades perderam importância e várias delas vivem atualmente de sua história, encontrando no turismo sua principal atividade econômica. Outras estão resignadas a atividades em pequena escala, como a agricultura de subsistência e o extrativismo. Devido à topografia irregular e ao solo impróprio para agricultura, os Campos Rupestres não parecem sofrer pressão antrópica acentuada. No entanto, estão sujeitos a queimadas frequentes. Em alguns pontos, estão sendo substituídos por monoculturas de eucaliptos e pinheiros. Em outros, principalmente próximos aos centros urbanos, o aumento no número de casas de veraneio e pousadas é surpreendente. São comuns também a coleta de toneladas de capítulos de sempre-vivas (principalmente Eriocaulaceae e Xyridaceae) para exportação, a retirada de orquídeas, cactos e bromélias para cultivo, e a extração de diferentes espécies de canelas-de-ema (ou candombás) resinosas para combustível (Giulietti et al. 1997). Muitas dessas populações são pequenas e a retirada de indivíduos nesses casos pode reduzir significativamente e de maneira irreversível sua variabilidade (Cavallari et al. 2006), podendo desencadear um processo que culminará com sua extinção. A interferência humana nas comunidades dos Campos Rupestres, portanto, não é desprezível e já tem sido notada através da menor variabilidade genética e morfológica em populações de plantas do Espinhaço (Gomes et al. 2004). O grande número de espécies vegetais exclusivas dos Campos Rupestres rende à sua flora a condição de insubstituível. Suas espécies microendêmicas são muitas vezes representadas apenas por pequenas populações e estão por isso mais suscetíveis a episódios estocásticos naturais ou provocados pelo homem. Portanto, os Campos Rupestres são intrinsecamente ricos em espécies vulneráveis e necessitam de proteção especial. A consciência de que a flora das serras do Espinhaço deve ser conservada não é recente e tem sido reforçada a cada novo levantamento. Ainda são poucos os estudos capazes de estabelecer prioridades para a conservação da biodiversidade nos Campos Rupestres. Apesar de importantes, as várias unidades de conservação não representam toda a heterogeneidade biológica regional e não possuem uma configuração ideal para conservação e manejo efetivo de sua biodiversidade. Para se proteger os Campos Rupestres é imprescindível conhecer as espécies que ali ocorrem e como elas estão distribuídas (Rapini et al. 2008). Mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira e espécies invasoras são grandes ameaças nos Campos Rupestres (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum neste bioma (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). Embora a maioria das espécies de Campos Rupestres pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas mais rápido que a maioria das espécies nativas, formando uma cobertura densa e impedindo a regeneração das espécies nativas (Kolbek e Alves, 2008). As fitofisionomias da Cadeia do Espinhaço são as mais ameaçadas, as menos estudadas e as mais interessantes em termos de ligações fitogeográficas e da história passada da vegetação no leste da América do Sul (Messias et al. 2008). Apesar de sua enorme importância para a conservação de espécies e a prestação de serviços ecossistêmicos, o Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal original, e apenas 19,8% permanece inalterado. Entre 2002 e 2011, taxas de desmatamento no Cerrado (1% por ano) foram 2,5 vezes maiores do que na Amazônia (Strassburg et al. 2017). Entre o século XVI e a década de 1960, os Campos Rupestres naturais de Minas Gerais foram reduzidos de 29.000 km² para 5.000 km² (Alves et al. 2007).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Anteriormente considerada como Vulnerável (VU) no estado de Minas Gerais (COPAM, 1997). A nível nacional a espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) e está incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi documentada nas seguintes Unidades de Conservação (SNUC): Parque Estadual do Itacolomi; Reserva Particular do Patrimônio Natural Brumas do Espinhaço, Parque Nacional da Serra do Cipó; Área de proteção Ambiental Cachoeira das Andorinhas; Área de proteção Ambiental Sul-RMBH; Área de proteção Ambiental Morro da Pedreira. A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al. 2015). A espécie ocorre em dois territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Centro-Minas - 10 (MG).