Taxonomic Notes
Descrita em: Rev. Bras. Biol. 47(4): 559-563. 1987. Nomes populares: Torradinho e Torradinho-branco (Miguel, 2003).
Justification
Árvore de até 18 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Popularmente conhecida como Torradinho e Torradinho-branco, foi documentada em Floresta Ombrófila, associada à Mata Atlântica, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Apresenta distribuição restrita a formações florestais fragmentadas, AOO=72 km² e três a cinco situações de ameaça, de acordo com a concentração de registros de coleta ao longo de sua distribuição conhecida. O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus (Siqueira et al., 2004). Mesmo descrita como frequente em algumas localidades que apresentam florestas clímax (Mata do Carvão, Barra de São João, Rio de Janeiro), a espécie tem somente as subpopulações capixabas protegidas nos limites de áreas protegidas e, por ter uso verificado, conforme seu nome popular sugere, suspeita-se que suas subpopulações estejam sofrendo declínio. Ameaças futuras relacionadas a mineração irão potencialmente incidir sobre regiões de ocorrência da espécie (DNPM e SIGMINE, 2019). Diante desse cenário, infere-se declínio contínuo em qualidade e extensão de habitat e, potencialmente, no número de indivíduos maduros. Assim, Trigoniodendron spiritusanctense foi considerada Em Perigo (EN) de extinção neste momento. Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019) com ocorrência nos estados: Espírito Santo, municípios de Baixo Guandu (Luz 13), Cachoeiro de Itapemirim (Folli 6223), Jaguaré (Souza 69), Linhares (Farias 19), e Serra (Folli 6574); e Rio de Janeiro municípios de Barra de São João (Lima 5343), Cardoso Moreira (Costa 392), São Francisco de Itabapoana (Souza 2625), e São José de Ubá (Dan 1790).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores de 18 m de altura (Lima 5343), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003; Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado das atividades humanas realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004; Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004). Os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001). O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importante polos de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S.A. Para a região do município de Baixo Guandu há protocolos atuais de autorização de pesquisa para exploração de argila refratária, granito, areia industrial. Para a região do município de Cachoeiro de Itapemirim há protocolos atuais de autorização de pesquisa para exploração de granito, mármore e já existe conceição de lavra de granito. Para a região do município de Jaguaré há protocolos atuais de autorização de pesquisa para exploração de areia. Para a região do município de Linhares há protocolos atuais de autorização de pesquisa para exploração de areia e argila. Para a região do município de Serra há protocolos atuais de autorização de pesquisa para exploração de areia, argila e granito. (DNPM e SIGMINE, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi coletada em: Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba (PI), Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Boa Esperança (US), Área de proteção Ambiental Estadual Mestre Álvaro (US). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018), e em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - TER33 (ES).