Taxonomic Notes
Descrita em: Flora 59: 452-461, 1876. Espécie reconhecida pelas estípulas com apêndices glandulares dorsais, não carenadas, inflorescências em cimeiras ramificadas 15-30-flora, e pelas flores com tubo do cálice expandido, bastante distinto quando em fruto (Zappi, 2003; Bruniera, 2015).
Justification
Arvoreta ou arbustos de até 4 m (Zappi, 2003), endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila e Restinga, associadas à Mata Atlântica, nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Apresenta distribuição ampla, EOO=99903 km², AOO=108 km², constante presença em herbários e ocorrência confirmada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral. Além disso, a espécie parece ter subpopulações abundantes, mesmo em áreas degradadas (Saiter et al. 2011). Entretanto, os dois tipos vegetacionais em que as populações de Rudgea umbrosa ocorrem, sofrem com a intensa pressão antrópica e destruição de habitats. Análise temporal das coletas na Bahia indica que a espécie pode ser bastante rara neste estado, com subpopulações em declínio e habitats severamente impactados por atividades agrosilviculturais, como criação de gado, plantações de cacau e cana-de-açúcar (Lapig, 2018). Casas de veraneio estão sendo rapidamente construídas nas terras baixas de vegetação de Restinga, sobre as dunas de areia ao redor de Cabo Frio, região que também é afetada pelos turistas, sendo utilizada como área de lazer. Manchas florestais no Espírito Santo são cada vez mais raras e estão sob forte pressão devido à extração de madeira para fabricação de celulose (Zappi, 2003). Sua ocorrência em áreas degradadas poderá causar declínio de habitat e populacional, diminuindo o número de situações de ameaça, e caso as ameaças não sejam controladas, transferindo a espécie para a categoria de ameaça mais restritiva. Apesar de o AOO ser estimado em 108 km², o que posicionaria a espécie pelo critério B2 como Em Perigo (EN), a espécie não possui especifidade de habitat, e o número de situações de ameaça verificado (11) ultrapassa o limiar para categorias de ameaça. De acordo com a especialista C.P. Brunieira (com. pess., 2019), a espécie não foi facilmente encontrada em esforços de campo empreendidos durante sua tese de doutoramento, indicando ainda alta vulnerabilidade da espécie em muitos dos ambientes em que é documentada. Diante desse cenário, portanto, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat, e a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados da Bahia, municípios de Caravelas (Matos 926), e Ilhéus (Riedel 549); Espírito Santo, municípios de Santa Leopoldina (Demuner 4413), Santa Teresa (Pizziolo 346), Vitória (Pereira 331); e Rio de Janeiro, Municípios de Armação de Búzios (Quinet 726), Arraial do Cabo (Gomes 511a), Cabo Frio (Sucre 3778), Campos dos Goytacazes (Kuhlmann s.n.), Casimiro de Abreu (Fiaschi 3768), Macaé (Mello-Silva 859), Rio de Janeiro (Bovini 3691), e São Pedro da Aldeia (Farney 4955).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Arbustos ou arvoretas de até 4 m de altura (Zappi, 2003). Ocorre em Restinga e Floresta Ombrófila Densa Submontana, até 850 m (Bruniera, 2015).
Threats Information
Os dois tipos vegetacionais em que as populações de Rudgea umbrosa ocorrem, sofrem com a intensa pressão antrópica e destruição de habitats. Casas de veraneio estão sendo rapidamente construídas nas terras baixas da vegetação de Restinga, sobre as dunas de areia ao redor de Cabo Frio, região que também é afetada pelos turistas, sendo utilizada como área de lazer. Manchas florestais no Espírito Santo são cada vez mais raras e estão sob forte pressão devido à extração de madeira para fabricação de celulose (Zappi, 2003). O turismo é uma das principais atividades econômicas desenvolvidas nos municípios de Búzios e Cabo Frio (Ribeiro e Oliveira, 2009; Barbosa, 2003). Na Praia do Peró, município de Cabo Frio, encontra-se o maior e mais bem preservado campo de dunas móveis da costa fluminense. O projeto do mega-resort Reserva do Peró conta com 450 ha de área, representando um impacto direto às formações naturais de dunas e à vegetação de restinga associada, o que significaria uma perda do maior remanescente desse ecossistema no estado (Pereira et al. 2011). Na praia de Tucuns, município de Armação dos Búzios, o resort SuperClubs Breezes Búzios, em faze de conclusão, representa uma perda de 7,88 ha de formações naturais de dunas (Pereira et al. 2011). Isso implica a perda de uma extensa área de vegetação de restinga. O município Campos dos Goytacazes possui 173248 ha dedicadas à pastagem, equivalente a 43% da área do município (Lapig, 2018). O município de Caravelas com 238171 ha tem 16% de seu território (38189 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Casimiro de Abreu, com 46065 ha, tem 33% de seu território (15143 ha), convertidos em pastagem (Lapig, 2018). O município de Macaé (RJ), com 121622 ha, tem 45583 ha (37%) de seu território convertidos em pastagens (Lapig, 2018). O município de Santa Leopoldina (ES), com cerca de 71.809 ha, contém 17,4% de sua área convertida em pastagens (Lapig, 2018). O município de Santa Teresa, com 68315 ha, tem 12,3% de seu território (8449 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie consta no Anexo II da Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008 (MMA, 2008) sendo considerada uma espécie com Dados Insuficientes (DD) para avaliação do risco de extinção. Foi considerada Vulnerável (VU) em avaliação de risco de extinção empreendida pela Fundação Biodiversitas (Fundação Biodiversitas, 2005). A espécie foi avaliada como Vulnerável (VU) no Livro Vermelho CNCFlora 2013 e está incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi coletada na Estação Biológica Sta Lucia - ES (Pizziolo 346), Parque Estadual da Costa do Sol - RJ (Verdi 7547), Monumento Natural das Ilhas Cagarras (Bovini 3691), Área de Proteção Ambiental do Pau Brasil - RJ (Pirani 6634). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Espírito Santo - 33 (ES).