Taxonomic Notes
Descrita em: Pirani, J., 2004. Botanical Journal of the Linnean Society 144(3): 366–368, f. 1.
Justification
Árvore de até 6 m de altura (Pirani, 2009), endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019), tendo sido coletada apenas em floresta costeira perturbada à beira de estradas do município de Guarapari, no estado do Espírito Santo. O valor de EOO foi igualado ao valor de AOO, sendo estimado como menor que 12 km², como recomendado pela metodologia adotada (IUCN, 2017) e sujeita a uma situação de ameaça. A perda de habitat causada por desmatamento, pecuária, e crescimento urbano associado ao turismo são responsáveis pelo declínio de EOO e na qualidade do habitat (Girardi e Cometti, 2006; Mapbiomas, 2019; SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019). De acordo com dados atualizados, os remanescentes de Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo, correspondem a 10,5% da distribuição original do bioma no estado (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). O município de Guarapari teve 43% de sua área (25,423 ha) convertida em pastagem ou mosaico de agricultura e pastagem (13,942 ha), restando apenas 23,871 ha de formação florestal natural como habitat preferencial da espécie (Mapbiomas, 2019). Em Guarapari, o crescimento urbano e populacional é resultado do crescimento da atividade turística, havendo instalação da infraestrutura turística, urbanização e verticalização situadas na área central do município (Girardi e Cometti, 2006). Entre as décadas de 1970 e 2000, o município manteve um crescimento médio de 60% por década, relacionado aos investimentos em estrutura turística (Girardi e Cometti, 2006). A espécie foi considerada uma planta rara (sensu Pirani, 2009; Pirani et al. 2010) e avaliada anteriormente como Criticamente em Perigo (CR) (MMA, 2014), não havendo novos dados populacionais ou de distribuição da espécie. Portanto, foi mantida a categoria e o critério usado anteriormente, considerando as ameaças incidentes. A espécie foi coletada pela última vez há quase 20 anos (2000), havendo apenas informação que ocorre em população agregada com vários indivíduos (Pirani, 2009). Sendo assim, Recomendam-se buscas direcionadas nos habitats potenciais e pesquisa sobre tamanho e tendência populacional, para avaliação de possíveis declínios ou extinções locais. Recomenda-se mitigação de ameaças locais e ações de conservação in situ visto que a espécie ocorre apenas em áreas privadas incluídas em Unidade de Conservação de uso sustentável, portanto não incluída em área de proteção integral. Com base nos resultados encontrados, confirmando-se declínio populacional ou extinções locais, recomenda-se avaliação de possíveis ações de conservação ex-situ de acordo com os requerimentos ecológicos da espécie, e avaliação da possibilidade de coleta e estoque de material em banco de sementes e/ou DNA.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado do Espírito Santo, município de Guarapari (Pirani 4722).
Population Information
Não existem dados sobre a população, porém é considerada uma planta rara (Pirani 2009, Pirani et al. 2010 apud CNCFlora 2012).
Habitat and Ecology Information
Árvores ou arvoreta de 2-6 m de altura (Pirani, 2009), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 km². Entre eles o Espírito Santo (19 ha). Apesar dos resultados positivos, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento. De acordo com dados atualizados, os remanescentes de Mata Atlântica no estado do Espírito Santo, correspondem a 10,5% da distribuição original do bioma no Estado (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Desde a última avaliação de risco de extinção da espécie, os remanescentes de Mata Atlântica no estado do Espírito Santo, correspondiam a 11,07% da distribuição original do bioma no estado (SOS Mata Atlântica and INPE, 2011 apud CNCFlora 2012). O município de Guarapari com 59060 ha, possui 43% de sua área (25423 ha) convertida em pastagem (11481 ha), ou mosaico de agricultura e pastagem (13942 ha) (MapBiomas, 2019). Com a transformação do uso do solo no município de Guarapari (ES) que possui no total 59,060 ha, restam de áreas naturais ou em regeneração apenas 29,871 (19%), sendo: 23,871 ha de formação florestal natural, 4,090 ha de formação não florestal, 548 ha de mangue e 1361 ha de afloramento rochoso (Mapbiomas, 2019). Considerando que a espécie ocorre especificamente em formação florestal, restam no município cerca de 40% de habitats potenciais da espécie. No litoral do Espírito Santo, os municípios de Vitória, Viana e Guarapari apresentam em média 60% de incremento populacional nessa década, por motivos distintos (Girardi e Cometti, 2006). Em Guarapari, o crescimento é resultado do crescimento da atividade turística, sendo nesse período instalada a infraestrutura turística, com urbanização e verticalização situadas na área central do município (Girardi e Cometti, 2006). Esses processos de adensamento, expansão periférica e de busca de áreas de turismo e veraneio foram responsáveis pelo fato de o Litoral Sul ter apresentado um crescimento cerca de duas vezes e meia superior ao do Espírito Santo como um todo (Girardi e Cometti, 2006). Entre as décadas de 1970 e 2000, Guarapari manteve um crescimento populacional de 60% em média, por década, relacionado aos investimentos em estrutura turística (Girardi e Cometti, 2006). Em Guarapari mais de 50% dos empregos envolvem atividades francamente voltadas ao turismo e ao veraneio (comércio, construção, serviços domésticos, alojamento e alimentação) e tem seu PIB fortemente concentrado no setor terciário (mais de 95%), relacionado com seu vínculo com a atividade turística e de veraneio (Girardi e Cometti, 2006).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Espécie avaliada como Criticamente em Perigo está incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). Anteriormente foi avaliada como Dados insuficientes (DD), e incluída no Anexo II da Lista Oficial de Espécies Ameaçadas do Brasil (MMA, 2008 apud CNCFlora 2012.2). A espécie foi registrada na Área de proteção Ambiental Alto Taboão (US), Área de proteção Ambiental de Setiba (US). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES) e Território Marinho - 46 (ES). A espécie foi coletada pela última vez há 20 anos (1999) e avaliada anteriormente como CR, havendo apenas informação que ocorre em população agregada com vários indivíduos (Pirani, 2009). Sendo assim, recomenda-se buscas direcionadas nos habitats potenciais e pesquisa sobre tamanho e tendência populacional, para avaliação de possíveis declínios ou extinções locais. Recomenda-se mitigação de ameaças locais e regionais e ações de conservação in situ visto que a espécie ocorre apenas em áreas privadas incluídas em Unidade de Conservação de uso sustentável, portanto não incluída em área de proteção integral. E, com base nos resultados encontrados, confirmando-se potenciais ou reais declínio populacional ou extinções locais, recomenda-se avaliação de possíveis ações de conservação ex-situ de acordo com os requerimentos ecológicos da espécie, e avaliação da possibilidade de coleta e estoque de material em banco de sementes e/ou DNA.