Taxonomic Notes
Descrita em: Kostermans, A., 1938. Recueil des Travaux Botaniques Néerlandais 35: 856. Popularmente conhecida por: "Canela-batata", "Canela-tapinha" (Flora do Brasil, 2019).
Justification
Árvore de até 30 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Popularmente conhecida por Canela-batata e Canela-tapinha, foi documentada em Floresta Ombrófila Densa, associada à Mata Atlântica, nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Entretanto, encontram-se disponíveis nas coleções somente coletas realizadas no estado do Rio de Janeiro. Não existem coleções recentes disponíveis que atestem presença atual de subpopulações da espécie nos estados da Bahia e do Espírito Santo, o que levou B. rigida a ser considerada Extinta na Natureza (EW) até sua redescoberta na década de 1980. Atualmente, parece ter preferência por remanescentes florestais bem conservados inseridos dentro dos sistemas orográficos da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira. Apresenta distribuição ampla, porém, exclusiva à fitofisionomia florestal fragmentada, AOO=44 km² e três situações de ameaça. A espécie integra a lista de espécies que possuem maior índice de valor de importância na região de Macaé de Cima (Lima e Guedes-Bruni, 1997). Entretanto, em levantamento realizado em 17 estudos na Floresta Atlântica Montana, Wesenberg e Seele (2009) encontraram o registro de somente 1 indivíduo de B. rigida. Apesar da carência de dados, suspeita-se que, pelas suas propriedades e porte, a espécie seja retirada seletivamente da natureza (CNCFlora, 2012). Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro resguardam, respectivamente, 11.1%, 10,5% e 18,7% de remanescentes florestais originais (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). A expansão urbana acelerada vivenciada nesses estados também impõe intensa pressão sobre os fragmentos florestais e em espécies de valor comercial (Simão e Lino, 2004), como a Canela-batata. Atualmente, o aumento da frequência de incêndios na Serra dos Órgãos e da Mantiqueira (IBAMA, 2014; ICMBio, 2014a; Aximoff, 2011) representa uma ameaça à espécie. O maciço do Itatiaia vem sofrendo grandes pressões antrópicas desde os tempos coloniais, principalmente desflorestamento indiscriminado ocorrido durante o século passado para atender as necessidades madeireiras do eixo Rio-São Paulo (Pereira et al. 2006). A espécie foi considerada Em perigo (EN) novamente. Suspeita-se declínio populacional ao longo dos últimos 30 anos, considerando-se os fragmentos florestais remanescentes nestes estados e as potenciais extinções locais verificadas. Infere-se ainda declínio contínuo em EOO, AOO, na qualidade e extensão do habitat, no número de situações de ameaça e no número de indivíduos maduros. Ações de pesquisa (busca por subpopulações remanescentes na Bahia e Espírito Santo, distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) são urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado do Rio de Janeiro, municípios de Trajano de Morais (Glaziou 19793), Nova Friburgo (Glaziou 20444), Rio de Janeiro (Glaziou 11467), Itatiaia (Barros 948), Teresópolis (Wesenberh JW862). Apesar da carência de registros, a Flora do Brasil (2019) indica a ocorrência deste táxon também nos estados da Bahia e Espírito Santo. Foi considerada extinta por ficar desaparecida desde sua coleta tipo por Kostermans em 1938, mesmo após inúmeras excursões na região típica (Araújo, 1994). Porém, novos registros foram feitos a partir da década de 80, principalmente no estado do Rio de Janeiro.
Population Information
Em um levantamento de 17 estudos na Floresta Atlântica Montana da Serra dos Órgãos (RJ), Wesenberg e Seele (2009) encontraram o registro de somente 1 indivíduo de B. rigida com área basal de 0,40 m². A espécie integra a lista de espécies que possuem maior índice de valor de importância na região de Macaé de Cima (Lima e Guedes-Bruni, 1997). Não existem coleções recentes disponíveis que atestem a presença atual de subpopulações da espécie nos estados da Bahia e do Espírito Santo.
Habitat and Ecology Information
Árvore de tamanho máximo desconhecido e cerne aromático (Nishida, 1999), porém já documentada com cerca de 30 m (Martinelli 12889), com registros de coleta realizados majoritariamente em Floresta Ombrófila Densa Montana e Alto-montana associadas a Mata Atlântica, principalmente em remanescentes florestais bem conservados inseridos dentro dos sistemas orográficos da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se dentro da área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001). Dados publicados recentemente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). Os estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro resguardam, respectivamente, 11.1%, 10,5% e 18,7% de remanescentes florestais originais (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). De acordo com Rolim e Chiarello (2004), a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). Os remanescentes florestais do Sul da Bahia estão fortemente ameaçados, além da grave crise da cultura do cacau, estes remanescentes também sofrem impactos da atividade de pecuária extensiva, café, pupunha, e exploração madeireira (Araujo et al. 1998). A cabruca predominou na Região Litoral Sul da Bahia, ocupando 24,47% ou 6.370 km². (Landau, 2003). Segundo Oliveira et al. (2008) as cabrucas foram descaracterizadas e os fragmentos florestais foram perturbados para o cultivo do cacau na região sul da Bahia devido ao desmatamento, e pelo elevado grau de fragmentação e perturbação da cobertura vegetal. A exploração de florestas naturais no Espírito Santo teve um caráter predatório e entrou em declínio no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o esgotamento das reservas florestais nativas e com o aumento do custo de transporte de madeira proveniente de áreas mais distantes (Siqueira, et al. 2004). Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importante polo de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o Estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S.A. No Rio de Janeiro o histórico de devastação não foi diferente, porém, os registros mais recentes da espécie indicam sua ocorrência no território da Unidade Federativa, principalmente em áreas bem conservadas. Mesmo assim, o município de Itatiaia com 24515 ha tem 16,2% de seu território (3983 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2019). Historicamente, no município de Nova Friburgo e na localidade de Alto Macaé que está incluída na APA de Macaé de Cima, praticava-se agricultura de subsistência e de base familiar em pequenas e médias propriedades, com plantio de feijão, mandioca e hortaliças e, em menor quantidade, criação de animais (Mendes, 2010). Atualmente, o município de Nova Friburgo com 93341 ha tem 6,6% de seu território (9207 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2019). O aumento da frequência de incêndios na Serra dos Órgãos (IBAMA, 2014; ICMBio, 2014a, 2014b) representa uma ameaça à espécie. O maciço do Itatiaia vem sofrendo grandes pressões antrópicas desde os tempos coloniais, principalmente desflorestamento indiscriminado ocorrido durante o século passado para atender as necessidades madeireiras do eixo Rio-São Paulo. Uma considerável amostra das florestas da região foi, no entanto, conservada no Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro a ser criado no Brasil, em 1937. No entanto, ainda hoje este Parque sofre pressões antrópicas sérias, como a extração ilegal de palmito (Pereira et al. 2006). Os grandes incêndios nos Campos de altitude na região serrana do Rio de Janeiro e o aumento de sua frequência representam ameaças para as espécies com ocorrência nessas localidades (Aximoff, 2011).
Use and Trade Information
Apesar da carência de dados, suspeita-se que, pelas suas propriedades e porte, a espécie seja retirada seletivamente da natureza (CNCFlora, 2012).
Conservation Actions Information
A espécie foi considerada Em Perigo (EN) na Lista Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). Foi documentada dentro dos limites das seguintes Unidades de Conservação (SNUC): Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Área de proteção Ambiental Carapiá, Monumento Natural Municipal do Pico do Itaguaré, Área de Proteção Ambiental de Petrópolis, Parque Nacional do Itatiaia e Área de proteção Ambiental de Macaé de Cima. A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018). Além disso, a espécie ocorre em um território que será contemplado por um Plano de Ação Nacional (PANs) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território 30 - RJ (TER30).