Taxonomic Notes
Descrita em: Flora Neotropica, Monograph 87: 29 (2003). Nome vulgar: Pitombarana, no estado do Espírito Santo (Folli 6933)
Justification
Árvore de até 28 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2019). Popularmente conhecida por Pitombarana, foi documentada em Floresta Ombrófila, associada à Mata Atlântica, nos estados da Bahia e Espírito Santo. Apresenta distribuição restrita, EOO=1,306 km², AOO=40 km², duas situações de ameaça e ocorrência exclusiva a fitofisionomia florestal muito fragmentada. Adicionalmente, a espécie é retirada da mata seletivamente e utilizada por populações locais (Tropical Plants Database 2019). As Florestas Úmidas do sul da Bahia possuem um longo histórico de exploração pelo homem. Atualmente, vastas áreas são utilizadas para a criação extensiva de gado (Mori 1995) e estão fragmentadas como resultado das atividades humanas realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado 2005, Rolim e Chiarello 2004). O sul do estado da Bahia é conhecido por abrigar as maiores plantações de cacau do Brasil. O sistema de cabruca foi responsável pela perda drástica de vegetação nativa na região. Mesmo ocorrendo dentro dos limites de área protegida amplamente consolidada (Reserva Floresta da Vale, em Linhares, Espírito Santo), infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, qualidade e extensão do habitat e no número de situações de ameaça e indivíduos maduros ante o corte seletivo. Assim, Melicoccus espiritosantensis foi considerada Em Perigo (EN) de extinção novamente. Recomendam-se ações de pesquisa (localização de novas subpopulações, censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois uma extinção local pode ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência no estado da Bahia.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2019), que ocorre nos estados da Bahia, município de Prado (Thomas 10087), e Espírito Santo, municípios de Linhares (Folli 30), Sooretama (Folli 6933).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 28 m de altura (Spada 302) que habita a Mata Atlântica, na Floresta Ombrófila (Flora do Brasil 2019). Seus frutos são apreciados pela avifauna.
Threats Information
O município de Prado com 168684 ha, possui 30% de seu território (49621 ha) transformados em pastagem (Lapig 2018). O município de Linhares com 350371 ha, possui 34% de sua área (117270 ha) convertida em pastagem (Lapig 2018). Linhares (ES) está entre os municípios brasileiros produtores de cana-de-açúcar, cujos plantios iniciaram a partir da década de 1980 e substituíram as florestas nativas e áreas de tabuleiros (Mendonza et al. 2000, Oliveira et al. 2014, Pinheiro et al. 2010, Tavares et al. 2010). Tais cultivos são associados a prática da queima dos canaviais, com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e facilitar a colheita (Mendonza et al. 2000, Oliveira et al. 2014, Pinheiro et al. 2010, Tavares et al. 2010). De acordo com a Resolução MAPA nº 241/2010, Linhares é um dos municípios indicados para o plantio de novas áreas de cana-de-açúcar, destinadas à produção de etanol e açúcar. A Conab (2018) estima uma área de cana-de-açúcar de 47,6 e 45,3 mil ha, respectivamente para as safras 2017/2018 e 2018/2019 no Espírito Santo. O município de Prado (BA) com 174030 ha possui 47287 ha (27%) de Mata Atlântica, sendo que 42653 ha (24%) de mata. O município de Linhares (ES) com 350414 ha possui 89011 ha (25%) de Mata Atlântica, sendo que 59391 ha (17%) de mata (SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Use and Trade Information
A espécie é retirada da mata e usada por populações locais em obras internas e externas, e peças torneadas. São também comestíveis, mas a frutificação é irregular, a cada 2 ou 4 anos. É também recomendada para uso em paisagismo (Tropical Plants Database 2019)
Conservation Actions Information
A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN), segundo a Lista Vermelha da flora do Espírito Santo (Simonelli and Fraga 2007), e como Em Perigo (EN) no Livro Vermelho CNCFlora 2013 e Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA 2014). A espécie foi coletada na Reserva Florestal da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), Espírito Santo (Spada, 302). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território 33.