Taxonomic Notes
Descrita em: Recueil Trav. Bot. Néerl. 41: 463. 1948. Nomes vulgares: Angélica-amarela, Angélica-preta (ES); Angelim-amarelo, Buracica, Cajueiro, Louro-cajueiro, Louro-graveto, Louro-vela (BA); Uruçuca, Urussuca (Flora do Brasil, 2019).
Justification
Árvore de até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Popularmente conhecida como Angélica-amarela, Angélica-preta, Angelim-amarelo, Buracica, entre outros, foi documentada em Floresta Ombrófila Densa e Estacional Semidecidual e Perenifólia associada aos tabuleiros costeiros nos estados da Bahia e Espírito Santo. Apresenta distribuição ampla na Mata Atlântica, EOO=80861 km², AOO=120 km², mais de dez situações de ameaça, presença constante em herbários e ocorrência confirmada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral. Sabe-se que os estados da Bahia e Espírito Santo resguardam atualmente 11% e 10,2% de remanescentes da Mata Atlântica original, respectivamente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Ainda, estima-se que vivam no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes (Simões e Lino, 2003), incluindo áreas onde a espécie ocorre. Diante desse cenário, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat e a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) nesse momento. Ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) são urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, municípios de Amélia Rodrigues (Queiroz 1456), Belmonte (Monteiro 23615), Camacan (Santos 1405), Candeias (Mayworm S/N), Catu (Araújo 201), Eunápolis (Guedes 10162), Ilhéus (Belém 565), Itacaré (Amorim 1317), Mucuri (Farney 2645), Porto Seguro (Santos 869), Salvador (Noblick 1637), Santa Cruz Cabrália (Santos 126), Santa Teresinha (Sobrinho 52), Santo Amaro (França 1169), São Sebastião do Passé (Lima 2511), e Una (Lima 12772); e Espírito Santo, municípios de Ecoporanga (Vailant 125), Linhares (Santos 1510), e Santa Teresa (Demuner 926).
Population Information
Martini et al., (2007) encontraram dois indivíduos da espécie em 0,1 hectare de floresta bem preservada no Parque Estadual da Serra do Conduru, na Bahia, e um indivíduo em 0,1 hectare de floresta submetida a corte seletivo recente na mesma Unidade de Conservação. As coletas neste local (Martini s.n. e Piotto 186) não foram validadas pelos especialistas em 2019.
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 20 m (Sobrinho 52) que habita a Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). De acordo com Rolim e Chiarello (2004). Os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). Nos municípios baianos de Belmonte e Uruçuca, respectivamente, 87% e 82% da cobertura original de Mata Atlântica encontram-se desmatados (SOS Mata Atlântica e INPE, 2011). O município de Eunápolis com 142595 ha tem 35% de seu território (50615 ha) convertidos em pastagem (Lapig, 2018). O município de Porto Seguro com 228626 ha tem 24% de seu território (54866 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Santa Cruz de Cabrália com 145939 ha tem 18% de seu território (25688 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Santa Teresinha com 70723 ha tem 62,4% de seu território (44147 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). A região de Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro apresentou um crescimento urbano mal planejado, representado pela ocupação desordenada e pela descaracterização da paisagem. Isto ainda é agravado pelo turismo que causa um aumento demográfico sazonal e, consequentemente, de lixo e esgoto (Carvalho, 2008).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi considerada Vulnerável (VU) segundo a Lista Vermelha da flora ameaçada do Espírito Santo (Simonelli e Fraga, 2007) e categorizada como Quase Ameaçada (NT) no Livro Vermelho CNCFlora 2013. A espécie ocorre na Reserva Biológica do Mico-Leão, BA (Carvalho 6106), e na Reserva Biológica Pau-brasil, BA (T.S.Santos 1957); Reserva Florestal da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), ES (Folli 367). A espécie ocorre em dois territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo 33 (ES) e Território Itororó 35 (BA).