Taxonomic Notes
Descrita em: Sellowia 8: 71. 1957. Conhecida pelos nomes populares Guabirobeira, Guabiroba (Flora do Brasil, 2019) e Pitangueira (Stellfeld 1720) em Balneário Piçarras (SC).
Justification
Árvore de até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Conhecida popularmente por Guabirobeira, Guabiroba, entre outros, foi documentada em Floresta Ombrófila associada à Mata Atlântica, nos estados do Paraná e Santa Catarina. Apresenta distribuição relativamente ampla, EOO=76953 km², AOO=240 km², constante presença em herbários e ocorrência confirmada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral. A espécie aparenta ser pouco abundante em algumas localidades (Liebsch et al. 2007; Borgo, 2010; Mantovani et al. 2005), principalmente em áreas degradadas ou regenerantes. Em Santa Catarina, as formações florestais nas quais a espécie pode ser encontrada foram em grande parte desmatadas para a expansão de atividades agrícolas (Mantovani et al. 2005). A Mata Atlântica do litoral norte do Paraná, onde Campomanesia reitziana também foi documentada, sofreu historicamente uma série de interferências humanas, com destaque para atividades de mineração e agropecuárias (Borgo, 2010). O Paraná lidera o ranking de estados da Mata Atlântica que mais desmataram, seguido por Minas Gerais e Santa Catarina (SOS Mata Atlântica e INPE, 2016). Infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat e sua ocorrência em áreas degradadas poderá causar declínio de habitat e populacional, diminuindo o número de situações de ameaça, caso as ameaças não sejam controladas, transferindo a espécie para a categoria de ameaça mais restritiva. Diante desse cenário, portanto, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) de extinção. Recomendam-se a coleta e conservação de recursos genéticos da espécie com o intuito de conservar da sua diversidade genética em caso de potenciais reduções populacionais dirigidas por fragmentação dos habitats e/ou extinções locais.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Paraná, municípios Antonina (Hatschbach 44475), Ibiporã (Medri s.n.) e Piraquara (Silva 1648); e Santa Catarina, municípios Águas Mornas (Mattos 32609), Alfredo Wagner (Korte 1198Recomendam-se a coleta e conservação de recursos genéticos da espécie com o intuito de conservar da sua diversidade genética em caso de potenciais reduções populacionais dirigidas por fragmentação dos habitats e/ou extinções locais.), Anitápolis (Verdi 2572), Apiúna (Tribess 26), Balneário Camboriú (Hering-Rinnert 347), Balneário Piçarras (Stellfeld 1720), Biguaçu (Korte 4838), Blumenau (Sobral s.n.), Brusque (Klein 222), Correia Pinto (Gomes s.n.), Florianópolis (Falkenberg 4354), Garopaba (Sehnem 12324), Gaspar (Schmitt 2), Ibirama (Sevegnani s.n.), Ilhota (Falkenberg 3589), Imaruí (Bresolin 857), Indaial (Maçaneiro 102), Itajaí (Landrum 3980), Ituporanga (Mattos 12043), Joinville (Vieira 72), Lauro Muller (Citadini-Zanette s.n.), Leoberto Leal (Korte 715), Luis Alves (Reitz 2133), Mafra (Klein 3902), Orleans (Verdi 3703), Palhoça (Verdi 4849), Paulo Lopes (Klein 9608), Rio do Sul (Klein 5432), Santo Amaro da Imperatriz (Ibrahim 231), São Pedro de Alcântara (Stival-Santos 811), Treviso (Citadini-Zanette 1771), Vidal Ramos (Korte 602) e Witmarsum (Kassner-Filho 2132).
Population Information
Liebsch et al. (2007) encontraram um indivíduo da espécie em 0,15 hectares de floresta ombrófila densa secundária em regeneração há 80 anos no litoral do Paraná. Borgo (2010) estimou em 0,3 indivíduo por hectare a densidade da espécie em uma floresta ombrófila densa bem preservada no litoral norte paranaense. Mantovani et al. (2005) encontraram um indivíduo da espécie em 1,5 hectares de floresta ombrófila densa secundária em São Pedro de Alcântara, SC.
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 20 m de altura (Silva 1648), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica, na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), na Restinga (Flora do Brasil, 2019) e também registrada em áreas de Capoeira (Klein 7557) e de Pastagem (Bresolin 857).
Threats Information
No estado de Santa Catarina, a floresta ombrófila densa em que a espécie ocorre foi em grande parte desmatada para a expansão de atividades agrícolas (Mantovani et al. 2005). A Mata Atlântica do litoral norte do Paraná, onde a espécie ocorre, historicamente sofreu uma série de interferências humanas, com destaque para atividades de mineração e agropecuárias (Borgo, 2010). A Restinga é um ambiente naturalmente frágil (Hay et al. 1981), condição que vem sendo agravada pela forte especulação imobiliária, pela extração de areia e turismo predatório, além do avanço da fronteira agrícola, introdução de espécies exóticas e coleta seletiva de espécies vegetais de interesse paisagístico. A pressão exercida por essas atividades resulta em um processo contínuo de degradação, colocando em risco espécies da flora e da fauna (Rocha et al. 2007). Atualmente, a cobertura vegetal original remanescente da Região dos Lagos é menor que 10% (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). As Unidades de Conservação até então existentes não foram suficientes e capazes de deter a forte pressão antrópica sobre os ambientes, especialmente pelas ações ligadas à especulação imobiliária e à indústria do turismo (Carvalho, 2018). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). Criado em 1985, o monitoramento feito pelo Atlas permite nesta edição quantificar o desmatamento acumulado em alguns estados nos últimos 30 anos. O Paraná lidera este ranking, com 456.514 hectares desmatados, seguido por Minas Gerais (383.637 ha) e Santa Catarina (283.168 ha). O total consolidado de desmatamento identificado pelo Atlas desde a sua criação, que não incluiu alguns estados em determinados períodos, chega a 1.887.596 hectares (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2016).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Quase Ameaçada (NT) na Lista Vermelha da IUCN (Barroso, 1998), e a nível nacional como Vulnerável (VU) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie ocorre no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Verdi 4849), Parque Natural Municipal Nascentes do Garcia (Sobral s.n.), Parque Nacional da Serra do Itajaí (Maçaneiro 102). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Paraná - 19 (PR).