Taxonomic Notes
Descrita em: Bol. Tecn. Inst. Agron. N., n. 19:7., 1950. Flores amarelas, tomentosas (Kubtzki e Renner, 1982). Nome popular: Louro-jacaré (Carneiro, 2010). Madeira marcadamente aromática (Rodrigues 5297).
Justification
Árvore de até 25 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Popularmente conhecida por louro-jacaré, foi documentada em Floresta de Terra-Firme e Campinarana associada à Amazônia, no estado do Amazonas, municípios de Manaus e Novo Airão. Apresenta distribuição restrita, EOO=2527 km², AOO=32 km² e duas situações de ameaça, uma identificada na região metropolitana de Manaus e a outra em área onde ainda predominam na paisagem extensões significativas de florestas em estado prístino. A espécie possui potencial madeireiro e para produção de óleos essenciais (Maia e Andrade, 2009), sendo eventualmente retirada da natureza de forma predatória. Apesar de ter sido descrita como ocasional em áreas de Campina arbórea e Campinarana, sabe-se que sua região de ocorrência sofre com exploração madeireira e extrativista (oleaginosas, castanhas, borracha), bem como pecuária e agricultura (Pellin, 2010). A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013 (Charity et al. 2016), onde 9% deste desmatamento pode ser atribuído aos impactos da mineração (Sonter et al. 2017; Veiga e Hinton, 2002) e ao estabelecimento de hidroelétricas (Finer e Jenkins, 2012). O crescimento urbano desordenado de Manaus foi o maior da região Norte, sendo a cidade considerada hoje o 12º maior centro urbano do país (IBGE, 2005), cuja expansão urbana representa um vetor de pressão sobre a Reserva Florestal Adolpho Ducke, devido ao surgimento cada vez mais intenso de ocupações irregulares em seu entorno (Nogueira et al. 2007). A abertura de estradas também figura como potencial vetor de stress, funcionando como ramais para atividades ilegais de desmatamento e mineração sejam executadas. A espécie foi considerada Vulnerável (VU) em avaliação de risco de extinção passada pelo seu valor de EOO. Entretanto, ante ao aporte de novos dados e da atualização das informações utilizadas anteriormente, aliados ao crescente aumento de pressão antrópica verificado por toda a Amazônia, a espécie foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião. Infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, qualidade e extensão de habitat e potencialmente no número de indivíduos maduros. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para a região central do Amazonas.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado: Amazonas, Municípios de Novo airão (Souza 1026), Manaus (Demarchi 312).
Population Information
Não há dados populacionais disponíveis para a espécie. Apesar da ausência de dados quantitativos, foi descrita como ocasional na Campina (Rodrigues 5297).
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 25 m, casca longitudinalmente rachada, madeira marrom-claro, fortemente aromática. Distribui-se em floresta de altitude, em Floresta de Terra Firme, em Campina sobre areia branca, Campinarana, e florestas secundárias ou capoeiras (Kubtzki e Renner, 1982).
Threats Information
Segundo Pellin (2010), na região de ocorrência da espécie ocorre exploração madeireira, extrativista (oleaginosas, castanhas, borracha), pecuária, e agricultura (cana-de-açúcar, feijão, milho, cacau, cupuaçu, café). A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido às atividades oriundas da agroindústria, pecuária extensiva, infraestrutura rodoviárias e hidrelétricas, mineração e exploração madeireira (Charity et al. 2016). O aumento do desmatamento entre 2002-2004 foi, principalmente, resultado do crescimento do rebanho bovino, que cresceu 11% ao ano de 1997 até o nível de 33 milhões em 2004, incluindo apenas aqueles municípios da Amazônia com florestas de dossel fechado compreendendo pelo menos 50% de sua vegetação nativa (Nepstad et al. 2006). Segundo Nepstad et al. (2006) a indústria pecuária da Amazônia, responsável por mais de dois terços do desmatamento anual, esteve temporariamente fora do mercado internacional devido à presença de febre aftosa na região. Contudo, o status de livre de febre aftosa conferido a uma grande região florestal (1,5 milhão de km²) no sul da Amazônia seja, talvez, a mudança mais importante que fortaleceu o papel dos mercados na promoção da expansão da indústria pecuária na Amazônia (Nepstad et al. 2006). A mineração representou 9% do desmatamento na floresta amazônica entre 2005 e 2015. Contudo, os impactos da atividade de mineração podem se estender até 70 km além dos limites de concessão da mina, aumentando significativamente a taxa de desmatamento por meio do estabelecimento de infraestrutura (para mineração e transporte) e expansão urbana (Sonter et al. 2017). De acordo com Veiga e Hinton (2002), as atividades de mineração artesanal também têm gerado um legado de extensa degradação ambiental, tanto durante as operações quanto após as atividades cessarem, sendo um dos impactos ambientais mais significativos derivado do uso de mercúrio no garimpo de ouro. O planejamento atual para o estabelecimento e expansão de hidroelétricas na bacia amazônica ainda precisa de uma avaliação adequada sobre escala regional dos impactos ecológicos, particularmente problemática dado o vínculo íntimo entre a planície de inundação amazônica e os Andes, uma das zonas mais ricas em espécies do planeta. Considerando dados sobre as barragens existentes e planejadas, junto com dados sobre estradas e linhas de transmissão, Finer e Jenkins (2012) estimaram os impactos relativos de todas as barragens planejadas para serem implementadas entre essas duas regiões. Eles mapearam planos para 151 novas barragens superiores a 2 MW nos próximos 20 anos, um aumento de 300%. Essas represas incluiriam cinco dos seis principais afluentes andinos da Amazônia. Os mesmos autores classificaram 47% das novas barragens potenciais como de alto impacto, e apenas 19% como de baixo impacto. Sessenta por cento das barragens causariam a primeira grande ruptura na conectividade entre as cabeceiras protegidas dos Andes e as terras baixas da Amazônia. Mais de 80% promoveriam desmatamento direto para a implementação de novas estradas, linhas de transmissão ou área de inundação (Finer e Jenkins, 2012). A floresta amazônica brasileira permaneceu completamente intacta até o início da era “moderna” do desmatamento, com a inauguração em 1970 da rodovia Transamazônica (Borges e Ferreira 2011). A abertura e pavimentação de rodovias como, por exemplo, a BR-163 (Cuiabá-Santarém), BR-319 (Manaus-Porto Velho) e BR-230 (Transamazônica) em função de programas de infraestrutura realizados pelo governo federal, trouxe impactos ambientais extremos pela facilitação de acesso a áreas não perturbadas de floresta na Amazônia (Borges e Ferreira 2011). Com uma alta densidade demográfica (41 habitantes/ha), na zona Norte de Manaus o crescimento populacional tem sido o principal responsável pela degradação ambiental que a mesma vem sofrendo. A construção de conjuntos habitacionais pelo poder público e privado é um dos principais responsáveis pelo desmatamento verificado nos últimos 18 anos. Essa expansão urbana é um vetor de pressão sobre a Reserva Florestal Adolpho Ducke, devido o surgimento cada vez mais intenso de ocupações irregulares em seu em torno (Nogueira et al. 2007). O crescimento urbano de Manaus foi o maior da região Norte, sendo a cidade considerada hoje o 12º maior centro urbano do país, e uma metrópole regional, com 1.644.690 habitantes (estimativa IBGE, 2005). Nos últimos dez anos, Manaus foi dentre os municípios mais populosos do Brasil, o que apresentou a maior taxa média geométrica de crescimento anual (Nogueira et al. 2007). A crescente expansão demográfica e industrial nas últimas décadas, devido à implantação da Zona Franca de Manaus, trouxe impactos ambientais à região. Como principal consequência, as águas da bacia do Rio Tarumã-Açu foram comprometidas por despejos de esgotos domésticos e industriais, restos de animais, detergentes, desinfetantes, erosão, lixo e detritos que são jogados dentre outros (Melo, 2002).
Use and Trade Information
A espécie é explorada pela empresa Mil Madeiras Itacoatiara, Ltda, conhecida atualmente por Precious Woods Amazon Ltda (Batista, 2008), encontra-se na lista de potencial manejo da empresa.
Conservation Actions Information
Anteriormente avaliada como Vulnerável (VU) segundo a Lista Vermelha da IUCN (World Conservation Monitoring Center 1998). Na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção também como Vulnerável (VU) (MMA, 2014). A espécie ocorre em um território que será contemplado um Plano de Ação Nacional (PANs) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Presidente Figueiredo (TER4). A espécie foi documentada dentro dos limites das seguintes Unidades de Conservação: Reserva Florestal A.Ducke (Assunção e Costa s.n.). Parque Nacional de Anavilhanas (Souza e Pereira 1026), Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Tupé (Demarchi 312)