​Descrita em: Comunicaciones Botanicas del Museo de Historia Natural de Montevideo 2(28): 4. 1953.

Árvore de até 18 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila Mista e Campos de Altitude associadas à Mata Atlântica, nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Apresenta distribuição restrita, EOO=500 km², AOO=52 km², três situações de ameaça e ocorrência em fitofisionomias muito fragmentadas. Até recentemente, acreditava-se que Myrceugenia brevipedicelata fosse restrita as formações vegetacionais de Campos do Jordão (SP). Entretanto, foi coletada no município de Camaducaia em área de Floresta (MG). A população parece ser pequena e escassa em quase toda sua extensão; há registro de uma subpopulação grande em Camanducaia, sul de Minas Gerais, com mais de 100 indivíduos por hectare, contrastando com a baixa densidade populacional verificada em Campos do Jordão (Meireles et al. 2008; Souza et al. 2013). A Floresta Ombrófila Mista apresenta remanescentes fragmentados e degradados, devido à intensa exploração madeireira, principalmente de espécies de grande valor econômico, além de desmatamento aliado à conversão das áreas florestais para outros usos do solo, como agricultura e pecuária extensiva (Lapig, 2019; Vibrans et al. 2013). A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importância não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al. 2005). Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original (Medeiros et al. 2005). O município de Camanducaia (MG) possui 23% de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2018). Assim, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat. Neste cenário, M. brevipedicellata foi considerada Em Perigo (EN) de extinção neste momento. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por subpopulações em campo, censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para sua região de ocorrência.

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Minas Gerais, município de Camanducaia (Stehmann 2988); São Paulo, município de Campos do Jordão (Ururahy 22).

Foram encontrados quatro indivíduos da espécie em um hectare de floresta ombrófila mista no Parque Estadual Campos do Jordão - SP (Souza et al. 2013). Além disso, foram encontrados 50 indivíduos da espécie em 0.35 hectare de Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana no município de Camanducaia, Minas Gerais (Meireles et al. 2008).

Árvores de até 18 m de altura (Forzza 4455), heliofítica (Amaral s.n.) ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na floresta Ombrófila mista (Flora do Brasil, 2019). Segundo a Flora do Brasil a espécie também ocorre em campos de altitude, porém o registro foi invalidado pelo especialista.

O município de Lima Duarte (MG) com 84856 ha tem 45% de seu território (38246 ha) convertidos em pastagem. O município de Camanducaia (MG) com 52869 ha tem 23.77% de seu território (14155 ha) convertidos em pastagem (Lapig, 2018). No Brasil, a área original de Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária), era de aproximadamente 200.000 a 250.000 km², ocorrendo com maior intensidade nos estados do Paraná (40%), Santa Catarina (31%), Rio Grande do Sul (25%), e com manchas esparsas no sul de São Paulo (3%), internando-se até o sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro (1%). Esta formação vegetacional, típica da Região Sul do Brasil, abriga componentes arbóreos de elevado valor comercial, como a Araucaria angustifolia (pinheiro) e Ocotea porosa (imbuia), por isso esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatório. Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original, e suas espécies arbóreas estão relacionadas na Lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importância no histórico de ocupação da Região Sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al. 2005). Para a região do município de Lima Duarte (MG) há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de bauxita, serpentinito, filito, quartzito e saibro (DNPM, SIGMINE, 2019).

Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.

A espécie foi anteriormente avaliada como Vulnerável (VU) à extinção na lista vermelha da IUCN (Pires O'Brien, 1998), como Criticamente em Perigo na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014), e como Em Perigo pela segunda revisão da Lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no estado de São Paulo (SMA-SP, 2016). A espécie ocorre no Parque Estadual de Campos de Jordão (Santos 18) e Área de proteção Ambiental Serra da Mantiqueira (US). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território São João del Rei - 29 (MG).