Taxonomic Notes
Descrita em: Sellowia 13: 306, f. 11, 30D. 1961.
Justification
Árvore de até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre no domínio da Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila Mista (Flora do Brasil, 2019). Foi coletada, nos estados da Bahia, do Paraná, de Santa Catarina, e de São Paulo, nos municípios de Cunha, Iguapé, São Miguel Arcanjo, Sete Barras e Ubatuba. Apresenta AOO= 48 km² e está sujeita a seis situações de ameaça. O desmatamento, a expansão urbana, a plantação de espécies florestais para produção de madeira e celulose (Pinus e eucalipto) e a agricultura (Simões e Lino, 2003; SEMA/IF-SP, 2008; Eisfeld e Nascimento, 2015; Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018; Prefeitura São Miguel Arcanjo, 2018) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e de subpopulações. A espécie foi considerada Vulnerável (VU) em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014). A revisão de coleção e inclusão de novos registros aumentou pouco os valores de distribuição da espécie, não ultrapassando os limiares de risco da categoria VU, porém foi revisto o número de situações de ameaça. Portanto, a avaliação da espécie foi mantida como Vulnerável (VU), em razão de distribuição restrita associada a declínio contínuo, por causas não cessadas. Três dos quatro estados de ocorrência da espécie (Bahia, Santa Catarina e Paraná), foram reportados entre os cinco estados que ainda não conseguiram sustentar o compromisso de desmatamento zero para o Bioma Mata Atlântica, apresentando taxas de desmatamento inaceitáveis, acima de 1000 ha no período de 2017-2018 (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie ocorre em duas Unidades de Conservação de proteção integral e não foram encontrados dados populacionais atualizados, senão o estudo (Duarte 2003) considerado anteriormente, que estimou uma densidade média de 2,2 indivíduos por hectare em uma parcela permanente de 10,24 ha no Parque Estadual Carlos Botelho. Portanto, são necessárias ações de pesquisa (para atualização da informação sobre tamanho e tendências populacionais), monitoramento das populações encontradas mais recentemente e ações de conservação (programas de conservação ex situ).
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, município de Ilhéus (Pinheiro 1030); Paraná, municípios de Guaraqueçaba (Hatschbach 16901) e Guaratuba (Hatschbach 11578); Santa Catarina, municípios Ilhota (Stival-Santos 3352) e Itajaí (Klein 1579); São Paulo municípios Cunha (Collares 44), Iguapé (Rossi 1215), São Miguel Arcanjo (Aguiar 1016), Sete Barras (Duarte 538) e Ubatuba (Souza 36).
Population Information
Myrceugenia kleinii apresenta uma densidade média de 2,2 indivíduos por hectare em uma parcela permanente de 10,24 hectares em floresta ombrófila densa submontana no Parque Estadual Carlos Botelho (Duarte 2003).
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 20 m de altura (Collares 44), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), e na Floresta Ombrófila Mista (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
Nos municípios de Itamaraju, Ilhéus e Uruçuca, cerca de 80% da cobertura original da Mata Atlântica foi desmatada. Em Ilhéus, esse percentual é de 65% (SOS Mata Atlântica e INPE, 2011). Guaratuba tem 41,3 ha de plantios de Eucalyptos e 1.433,6 ha de Pinus, outros 7,5 ha estão em corte raso ou recém-plantados. (Eisfeld e Nascimento, 2015). Na serra do Mar a ocupação rural adensada foi classificada no Plano de Manejo como um vetor de pressão antrópica muito alta, ao passo que as pastagens e reflorestamento com Pinus e Eucalyptus foram considerados vetores de pressão alta (SEMA/IF-SP, 2008). Destaca-se a aparente invasão de Pinus spp. em campos montanos do Núcleo Curucutu, que pode interferir na dinâmica das espécies nativas, levando à descaracterização da vegetação dos locais onde se estabelecem. Algumas áreas do Núcleo Itutinga-Pilões encontram-se bastante alteradas em função de plantações de Eucalyptus spp. (SEMA/IF-SP, 2008). A economia do município São Miguel Arcanjo (SP) está voltada para o setor agrícola, com o predomínio do cultivo de uvas do tipo Itália e Rubi. Uma variedade que cresce muito na cidade é a uva rústica de mesa, como a niagara, (tratando-se de uma uva com menos custo para a produção), visto que na reforma dos parreirais os produtores vêm optando pelo plantio da mesma, também ganhando espaço em novas áreas, principalmente na divisa com Capão Bonito (SP). A uva niagara atualmente em São Miguel Arcanjo, é responsável por 40% da produção do estado de São Paulo. Também há outros, como o cultivo da batata, soja e feijão (Prefeitura São Miguel Arcanjo, 2018). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). Dados publicados recentemente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Vulnerável na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014), e como Criticamente em Perigo a nível estadual pela segunda revisão da Lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo (SMA-SP, 2016). A espécie foi registrada em Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleos Santa Virgínia/Picinguaba (Souza 36), Estação Ecológica Juréia-Itatins (Rossi 1215). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território São Paulo - 20 (SP).