Taxonomic Notes
Descrita em: Rizzini, C., 1976. Rodriguésia 28: 174. Popularmente conhecida por Bapeba-branca e Guapeba.
Justification
Árvore de até 35 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Popularmente conhecida por Bapeba-branca ou Guapeba, foi documentada em Floresta Estacional Semidecidual (Floresta de Tabuleiro), Floresta Ombrófila e Restinga arbórea nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019), nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Apresenta distribuição ampla, porém restrita a fitofisionomias florestais fragmentadas. Estudos sugerem que a população possui ao menos 222 indivíduos (Magnago, 2009; Assis et al., 2004; de Paula e Soares, 2001). Estimativas apontam que hoje restam menos de 20% da cobertura original deste tipo de vegetação e que mais de 50% desta redução tenha ocorrido nas últimas três gerações da espécie (cerca de 90 anos), principalmente em razão da perda de habitat e fragmentação da paisagem. Dessa forma, infere-se declínio contínuo em AOO, EOO e extensão e qualidade de habitat, onde as causas de redução no passado não cessaram e possivelmente, não são reversíveis. Assim, Pouteria coelomatica foi considerada Em Perigo (EN) de extinção, pelo plausível declínio histórico de sua população e pela sua distribuição restrita a ecossistemas florestais em declínio. Recomendam-se ações de pesquisa (localização de novas subpopulações, censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois extinções locais podem ampliar seu risco de extinção ainda mais acentuadamente. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para sua região de ocorrência.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia (BA), municípios de Itamaraju (Monteiro 23500), Nilo Peçanha (Matos 2000), Uruçuca (Thomas 8678); Espírito Santo (ES), municípios de Conceição da Barra (Alves-Araújo 1750), Guarapari (Fabris 811), Linhares (Folli 2165), São Mateus (Menezes 1817), Nova Venécia (Gurtler 509), Presidente Kennedy (Farney 3368), Santa Teresa (Kollmann 1508), Vila Velha (Zambom 304); Rio De Janeiro (RJ), municípios de Cachoeiras de Macacu (Baez 1340), Nova Iguaçu (Farág 189), Rio de Janeiro (Pessoal do Horto Florestal s.n.).
Population Information
Pouteria coelomatica possui uma população registrada de no mínimo 222 indivíduos. Assis et al. (2004) estimaram em seu estudo fitossociológico no Parque Estadual Paulo César Vinha, Setiba, município de Guarapari, ES, 172 indivíduos/ha, a espécie apresentou maior índice de valor de importância (IVI) e maior dominância (DoA: 22,48) na área. Magnago (2009) registrou 14 indivíduos/ha no Parque Natural Municipal de Jacarenema, Vila Velha, ES. Musso e Lima (2002) estimaram 33,3 indivíduos/ha na Reserva Ecológica de Jacarenema, Vila Velha, ES. Paula e Soares (2011) amostraram 3 indivíduos/ha na Reserva Biológica de Sooretama, Linhares, ES. Rolim e Chiarello (2004) estimaram 0,21 indivíduos/ha em área de cabruca em Linhares, ES.
Habitat and Ecology Information
Pouteria coelomatica é uma espécie arbórea de até 25 m de altura (Kollmann 1508). Possui flores esverdeadas (Pennington, 1990). Ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica, na Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila e em áreas de restinga (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
Linhares (ES) está entre os municípios brasileiros produtores de cana-de-açúcar, cujos plantios iniciaram a partir da década de 1980 e substituíram as florestas nativas e áreas de tabuleiros (Mendonza et al., 2000; Oliveira et al., 2014; Pinheiro et al., 2010; Tavares et al., 2010). Tais cultivos são associados à prática da queima dos canaviais, com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e facilitar a colheita (Mendonza et al., 2000; Oliveira et al., 2014; Pinheiro et al., 2010; Tavares et al., 2010). De acordo com a Resolução MAPA nº 241/2010, Linhares é um dos municípios indicados para o plantio de novas áreas de cana-de-açúcar, destinadas à produção de etanol e açúcar. A Conab (2018) estima uma área de cana-de-açúcar de 47,6 e 45,3 mil ha, respectivamente para as safras 2017/2018 e 2018/2019 no Espírito Santo. O município de Santa Teresa com 68315 ha tem 2,6% de seu território (1822 ha) transformados em Floresta Plantada (Lapig, 2018). O município de Santa Teresa com 68315 ha tem uma hidrelétrica (PHC) instalada no Rio Bonito (Lapig, 2018). O município de Uruçuca com 51003 ha tem 0,18% de seu território (95 ha) transformado em agricultura. (Lapig 2018). O município de Uruçuca com 39198 ha possui 7453 ha que representam 19% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019). No entorno da Reserva Biológica do Tinguá, existem áreas particulares utilizadas por sitiantes, que buscam lazer e descanso, ou mesmo para fins comerciais. A região da baixada é pouco beneficiada por áreas de lazer. A população a buscar áreas ainda conservadas para banhos de cachoeira e outras formas de lazer e contato com a natureza (Teixeira, 2006). A expansão da área urbana formal e informal da cidade do Rio de Janeiro sobre o maciço da Tijuca constitui o principal e mais antigo vetor de transformação da estrutura da paisagem. A ocupação espontânea do tipo favela ganha destaque pela característica peculiar de instalar-se, geralmente, em lugares menos privilegiados em relação à probabilidade de problemas erosivos, como áreas de grande declividade no sopé de afloramentos rochosos (Fernandes et al., 1999).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na Área de Proteção Ambiental Costa de Itacaré/Serra Grande (US), Parque Estadual de Itaúnas (PI), Área de Relevante Interesse Ecológico do Degredo (US), Parque Estadual Paulo César Vinha (PI), Parque Nacional da Tijuca (PI), Reserva Biológica de Comboios (PI), Reserva Biológica do Tinguá (PI) e Parque Estadual de Itaúnas (PI). A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Milagres - TER39, Território Rio de Janeiro - TER32, Território Espirito Santo - TER33. A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018). A espécie será beneficiada por ações de conservação que estão sendo implantadas no PAN Rio, mesmo não sendo endêmica e não contemplada diretamente por ações de conservação.