Taxonomic Notes
Descrita em: Phytologia 43: 474 (-475), pl. 1979. Rinorea bicornuta é próxima de Rinorea guianensis, Rinorea bahiensis e Rinorea paniculata, caracterizando-se dentre estas espécies pela inflorescência curtamente tirsóide contendo címulas laterais, geralmente com 3-5 flores; pedicelos com 1-3 mm de comprimento; flores e ramos florais mais velhos notavelmente deflexos; ramos florais cônicos e ápice da antera arredondado apendiculado por duas extremidades agudas (Hekking, 1988).
Justification
Árvore endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi registrada em Floresta Ombrófila Densa associada à Amazônia, no estado do Amazonas, município de Manaquiri. Conhecida somente pela coleção-tipo realizada por A. Ducke em 1927, desde então, pouco se avançou em relação ao estado de conhecimento de Rinorea bicornuta. A espécie foi considerada Criticamente em Perigo (CR) de extinção em avaliações de risco de extinção pretéritas (MMA, 2014). Entretanto, essas avaliações levaram em conta somente o material-tipo, única coleta conhecida para a espécie, para se definir o estado de conservação do táxon. A espécie aparentemente é restrita a habitats fragmentados da região central da Amazônia (Louzada, 2014; Fearnside, 2005) e poderia ser incluída em categoria de ameaça pelo critério B. Entretanto, diante da carência de dados geral, a espécie foi considerada como Dados Insuficientes (DD) neste momento, uma vez que o conjunto de informações disponíveis não possibilitou a condução de re-avaliação de risco de extinção de forma robusta. Novos estudos buscando encontrar a espécie em outras localidades adjacentes e levantar dados populacionais na região próxima às áreas de ocorrência fazem-se necessários para melhorar o conhecimento sobre sua distribuição e dinâmica populacional e assim possibilitar uma robusta avaliação de seu risco de extinção.
Geographic Range Information
Espécie endêmica, conhecida apenas pela coleta tipo de Ducke, no estado do Amazonas, município de Manaquiri (RB 560922), em 1927.
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvore encontrada em Floresta Ombrófila, na Amazônia (Flora do Brasil, 2019), às margens do rio Solimões.
Threats Information
Em 2003, a área de floresta desmatada na Amazônia brasileira alcançou 648.500 km² (16,2% dos 4 milhões km² da floresta original da Amazônia Legal, que é de 5 milhões km²), incluindo, aproximadamente, 100.000 km² de desmatamento antigo (pré-1970) no Pará e no Maranhão. O índice atual (2010-2011) do INPE de desmatamento aponta uma área de 5.692.207 km². Atualmente, o avanço das plantações de soja na região apresenta-se como a maior ameaça, com seu estímulo para o investimento maciço do governo em infraestrutura, como hidrovias, ferrovias e rodovias. As estradas para retirada de madeira, especialmente para extração de mogno, precedem e acompanham as rodovias, tornando as fronteiras acessíveis para o investimento dos lucros do comércio da madeira em plantações de soja e fazendas para a criação de gado. A extração da madeira aumenta a inflamabilidade da floresta, levando às queimadas do sub-bosque que colocam em movimento um ciclo vicioso de mortalidade de árvores, aumento da carga de combustível, reentrada do fogo e, por fim, destruição total da floresta. As bases de muitas árvores são queimadas à medida que o fogo se prolonga. As árvores da floresta amazônica não são adaptadas ao fogo e a mortalidade a partir de uma primeira queimada fornece o combustível e a aridez necessários para fazer as queimadas subsequentes muito mais desastrosas. A temperatura alcançada e a altura das chamas na segunda queimada são significativamente maiores que na primeira, matando muitas outras árvores. O impacto do corte de espécies de baixa densidade e comercialmente valiosas é frequentemente subestimado. O processo de corte seletivo resulta em um prejuízo de quase duas vezes o volume de árvores que estão sendo removidas. Devido ao fato de muitas árvores menores serem mortas, o efeito sobre os indivíduos é ainda maior (Fearnside, 2005). O município Manaquiri (AM) possui 69,03% da sua população concentrada nas zonas rurais (15.739 mil pessoas). A atividade econômica do município concentra-se na agricultura familiar. A produção agrícola é alta e consegue abastecer o município e até outros municípios próximos (Louzada, 2014).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Em Perigo (EN) na Lista Vermelha da IUCN (WCMC, 1998), e também no Livro Vermelho CNCFlora 2013 como Criticamente em Perigo (CR), estando incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie ocorre na área do GEF Pró-espécies TER 4 (AM) e deve ser incluída no Plano de Ação territorial que será definido como parte do programa.