Taxonomic Notes
Descrita em: Phytologia 53: 255 (-257), fig. 1983. Rinorea ramiziana se diferencia de Rinorea maximiliani e Rinorea laevigata pelas inflorescências tirsóides, e pelos pedicelos e estilete menores que 3 mm (Hekking, 1988).
Justification
Árvore de até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila Densa associada à Mata Atlântica, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Apresenta distribuição restrita, AOO=20 km², especifidade de habitat, três situações de ameaça e ocorrência em fitofisionomia florestal fragmentada. Os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro resguardam 10,5% e 18,7%, respectivamente, de remanescentes da Mata Atlântica original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Os ecossistemas florestais de terras baixas onde a espécie ocorre foram drasticamente afetados por atividades antrópicas altamente impactantes, como desmatamento para ampliação de áreas agrícolas e pastagens, corte seletivo de madeiras-de-lei, plantações de cana-de-açúcar, silvicultura, café, cacau, fogo, crescimento urbano e turístico desordenado (SEAMA 2018; Burla, 2011; Lumbreras et al., 2004; Rolim e Chiarello, 2004). No território do Norte Fluminense, onde foi documentada de forma esparsa e aparenta ser bastante rara, o histórico de degradação intensa a partir da retirada das florestas para o estabelecimento de atividades agropecuárias acompanham atualmente a crescente taxa de urbanização (Lemos et al., 2014) e ampliação da especulação imobiliária e turismo desordenado (Costa, 2015). Em Campos dos Goytacazes, por exemplo, restam somente 7,5% de remanescentes florestais originais (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Foi registrada dentro dos limites de Unidades de Conservação. Diante desse cenário de degradação ao longo de sua distribuição e potenciais extinções locais, Rinorea ramiziana foi considerada Em Perigo (EN) de extinção novamente. Infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, extensão e qualidade de habitat. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para o estado do Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil, com ocorrência nos estados do Espírito Santo, município de Itaguaçu (Brade 18087), Linhares (Kuhlmann 215); e Rio de Janeiro, município de Campos dos Goytacazes (Ramiz Galvão 422).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvore de 3-5 m de altura (Kuhlmann 215) que habita a Floresta Ombrófila na Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
A cobertura vegetal do estado do Espírito Santo, antes praticamente toda recoberta pela Mata Atlântica, tem uma história de devastação cujos registros remontam aos do início de sua colonização. A destruição e degradação do habitat é, sem dúvida, a maior causa de perda de biodiversidade no estado. Subsequentes ciclos econômicos, como o da exploração da madeira, da agricultura cafeeira, dos reflorestamentos homogêneos (Pinus e Eucaliptus), a incidência de espécies exóticas invasoras e sobre-exploração de plantas ornamentais são algumas das principais ameaças incidentes sobre a flora do estado (Simonelli e Fraga, 2007). A Mata Atlântica da costa brasileira já atingiu um estágio muito avançado de fragmentação, e a preservação de suas áreas remanescentes foi apontada como um dos maiores problemas de conservação do país. No estado do Rio de Janeiro, a Mata Atlântica que outrora cobria toda a sua extensão encontra-se hoje reduzida a menos de 20% de sua cobertura original, estando os grandes remanescentes, em sua maioria, sobre áreas montanhosas. A mata de baixada da costa fluminense, conhecida pela alta diversidade e endemismos da fauna e flora, durante séculos foi alvo de intensas perturbações antrópicas, intensificadas nas últimas sete décadas através da extração madeireira, caça ou da substituição de suas florestas por áreas agrícolas (Dean, 1996) e pelo processo de urbanização desordenada. A paisagem atual desta região encontra-se muito fragmentada e desconectada, com pequenas manchas florestais, isoladas, perturbadas em sua maioria e circundadas por extensas matrizes antrópicas como pastos e monocultura, além de áreas de desenvolvimento urbano (Carvalho et al., 2004). O município de Itaguaçu com 53150 ha tem 37% de seu território (19651 ha) transformados em pastagens (Lapig, 2018). O município de Linhares, com 350371 ha, possui 34% de sua área (117270 ha) convertida em pastagem (Lapig 2018). O município Campos dos Goytacazes possui 173248 ha dedicadas à pastagem, equivalente a 43% da área do município (Lapig, 2018). A prática de queimar os canaviais com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e, desta forma, facilitar a colheita se consolidou na década de 1970, com o surgimento do Programa Nacional do Álcool. Ao contrário de outras regiões canavieiras do País, na região de Linhares (ES), os solos de tabuleiro passaram a ser cultivados com cana-de-açúcar apenas nas últimas décadas (Mendonza et al., 2000). O município Campos dos Goytacazes atualmente possui menos de 3% de sua cobertura florestal original, em consequência do intenso desmatamento iniciado no século XIX para a implementação de monoculturas de cana-de-açúcar (Carvalho, et al. 2006). Campos dos Goytacazes possui 44.970 ha de plantações de cana, equivalente a 11,17% da área total do município e o valor da produção foi 128.164.896 R$ em 2015 (Lapig, 2018).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi categorizada como Vulnerável (VU) na Lista Vermelha da IUCN (WCMC, 1998), no Anexo II da Lista de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Brasil (MMA, 2008) e na Lista da Biodiversitas de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (Fundação Biodiversitas, 2005). Foi avaliada a nível estadual como Menos Preocupante (LC) na Lista de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Espírito Santo (Simonelli e Fraga, 2007). Mais recentemente, foi avaliada a nível nacional como Em Perigo (EN) no Livro Vermelho CNCFlora 2013 e no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). Coletada na Reserva Florestal da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) (Paula-Souza, J. 5686). A espécie ocorre na área do GEF Pró-espécies TER 33 (ES) e deve ser incluída no Plano de Ação territorial que será definido como parte do programa.