Taxonomic Notes
Descrita em: Van der Werff, H., 1993. Kew Bulletin 48(1): 25. Persea glabra se assemelha a Ocotea langsdorffii (Meissner) Mez; ambas possuem folhas e pecíolos similares, porém Ocotea langsdorffii, restrita à Serra do Cipó, MG, possui nervuras de ambas a faces levantadas e difere também nas detalhes florais. P. glabra é próxima a P. venosa Nees, a qual se diferencia por apresentar folhas mais largas, brotos terminais pubescentes e flores maiores (Van der Werff, 1993).
Justification
Árvore de até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Cerrado lato sensu, desenvolvendo-se preferencialmente em borda de formações florestais em substrato arenoso (Van der Werff, 1993). Apresenta distribuição restrita, EOO=567 km², AOO=20 km², duas situações de ameaça, considerando-se sua ocorrência disjunta nos Cerrados da Cadeia do Espinhaço, nos estados da Bahia e Minas Gerais. Sabe-se que o Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal nativa (Strassburg et al. 2017). Mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira e espécies invasoras são grandes ameaças aos Campos Rupestres e as tipologias de vegetação associadas que ocorrem ao longo do Espinhaço (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum neste bioma (Kolbek e Alves, 2008; Silveira et al. 2016). Embora a maioria das espécies pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas, impedindo a regeneração das espécies nativas (Kolbek e Alves, 2008). Finalmente, a mineração a céu aberto representa uma das maiores causas de redução de biodiversidade ao longo da Cadeia do Espinhaço (Fernandes et al. 2005). A região de Rio das Contas, área de ocorrência principal da espécie, tem um histórico de ocupação das terras por plantações, sendo no passado utilizada nas plantações e cacau e recentemente para o Setor Agroindustrial de polpa de frutas, incentivado pelo projeto Agropólo do Vale do Rio das Contas (Harley, 1995; Araújo et al. 2004). A espécie foi considerada Em Perigo (EN), infere-se declínio contínuo na qualidade e extensão do habitat. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para a região de Mucugê e na região central de Minas Gerais.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, Municípios de Rio de Contas (Moraes 2588), Erico Cardoso (Harley 27205); e Minas Gerais, Municípios de Conceição do Mato Dentro (Tameirão Neto 5138), Diamantina (Filho et al. 17375). A Flora do Brasil (2019) ainda indica ocorrência exclusiva ao estado da Bahia.
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 5 m, foi documentda em Cerrado lato sensu, e desenvolve-se preferencialmente em borda de formações florestais em substrato arenoso (Van der Werff, 1993).
Threats Information
A principal ameaça à região de Rio de Contas, área de ocorrência principal da espécie, é o desenvolvimento de atividades agrícolas para a formação de pastagens e cultivo de frutas; em geral, estas atividades têm sido realizadas com a utilização de fogo e extração ilegal de madeira e lenha. Além disso, foi registrado também o extrativismo ilegal de plantas ornamentais (Harley, 1995). A região de Rio das Contas tem um histórico de ocupação das terras por plantações, sendo no passado utilizada nas plantações e cacau e, recentemente, para o setor agroindustrial de polpa de frutas, incentivado pelo projeto Agropólo do Vale do Rio das Contas (Araújo et al. 2004). O município de Rio de Contas (BA) com 107107 ha tem 22125 ha (21%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019). A espécie exótica invasora mais disseminada na região da Chapada Diamantina é a gramínea Melinis minutiflora P.Beauv. ou capim gordura, como é conhecida popularmente, ocorrendo especialmente nas formações do Cerrado e em campos rupestres. Além dessa gramínea, duas espécies de Asparagaceae (Agave sisalana Perrine e a piteira Furcraea foetida (L.) Haw.) são cultivadas na região e propagam-se formando maciços praticamente monoespecíficos. Já a jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.), embora seja uma árvore frutífera bastante apreciada, está se estabelecendo em algumas matas da chapada Diamantina como invasora, em especial na região a leste do Parque Nacional da Chapada Diamantina (MMA, 2007). O Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA) sofre de constantes queimadas, que se espalham por toda a região. Por exemplo, em 2005 em apenas dois meses de seca, foram queimados cerca 10% de área do Parque (Neves e Conceição, 2010). A extração de lenha e madeira são praticadas na região da Chapada Diamantina e muitas vezes estão associadas a assentamentos agrícolas, os quais realizam o desmatamento dos lotes, terceirização para madeireiras explorarem as melhores árvores, e utilização das árvores restantes para lenha e carvão (MMA, 2007). A atividade mineradora no município de Diamantina, Minas Gerais, já foi a principal fonte de economia da região, assim como em toda a Chapada Diamantina e adjacências, causando grande prejuízo ao meio ambiente (Harley, 1995; Giulietti et al., 1987). A exploração de diamante foi responsável pela ocupação da região da Chapada Diamantina, sendo a prática mineradora mais significativa da região, embora tenha diminuído muito nos últimos anos. Este tipo de mineração é inerentemente impactante para a vegetação, uma vez que altera completamente o ambiente (MMA, 2007).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi considerada Vulnerável (VU) pela Lista Vermelha da IUCN (World Conservation Monitoring Centre, 1998), e como Criticamente em Perigo (CR) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). Foi documentada dentro dos limites da seguinte Unidade de Conservação (SNUC): Área de proteção Ambiental Serra do Barbado. A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al. 2015). A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Mucugê - 40 (BA).