Taxonomic Notes
Descrita em: Brittonia 39(2): 245–247, f. 1. 1987. Conhecida pelo nome popular Araçá-miúdo (Siqueira 1228) em Linhares (ES).
Justification
Árvore de até 15 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019; Luber et al. 2017). Conhecida popularmente por Araçá-miúdo, foi documentada em Floresta Ombrófila (Floresta de Tabuleiro) associada à Mata Atlântica, no estado do Espírito Santo - municípios de Águia Branca, Aracruz e Linhares. Apresenta distribuição restrita, EOO=4346 km², AOO=32 km², número de situações de ameaça estimado menor que cinco (3-5) e ocorrência em fitofisionomia florestal fragmentada. Aparentemente, a espécie apresenta baixa densidade populacional (de Paula et al. 2011). Restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019); no Espírito Santo, restaram cerca de 12% da Mata Atlântica original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019), atualmente muito fragmentada após o desenvolvimento de subsequentes ciclos econômicos, como o da exploração da madeira, da agricultura cafeeira, dos reflorestamentos homogêneos (Pinus e Eucalipto), plantações de cacau, cana-de-açúcar, a incidência de espécies exóticas invasoras e sobre-exploração de plantas ornamentais (CONAB, 2018; Rolim e Chiarello, 2004; Simonelli e Fraga, 2007; Siqueira et al. 2004). A região da planície aluvial do rio Doce, onde a espécie ocorre, é em grande parte ocupada por sistemas de cabruca, nos quais o cacau é cultivado no sub-bosque de áreas de floresta nativa (Rolim et al. 1999). Esse sistema altera a estrutura e composição da floresta, levando a um declínio de espécies de estágios sucessionais avançados (que é o caso de Campomanesia espiritosantensis) e a um aumento da abundância de espécies pioneiras e secundárias iniciais (Rolim e Chiarello, 2004). Diante desse cenário, portanto, infere-se declínio em EOO, AOO e extensão e qualidade de habitat. Assim, C. espiritosantensis foi considerada Em Perigo (EN) de extinção neste momento. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por subpopulações em campo, censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado do Espírito Santo, municípios Águia Branca (Demuner 4833), Aracruz (Oliveira 541), Linhares (Siqueira 1228).
Population Information
De Paula e Soares (2011) encontraram quatro indivíduos da espécie em um hectare de floresta ombrófila densa na Reserva Biológica de Sooretama.
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 15 m de altura (Folli 494), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil, 2019) e coletada em florestas de Cabruca (Folli 7504).
Threats Information
A região da planície aluvia do rio Doce, onde a espécie ocorre, é em grande parte ocupada por sistemas de cabruca, nos quais o cacau é cultivado no sub-bosque de áreas de floresta nativa (Rolim et al. 2006). Esse sistema de cultivo altera a estrutura e composição da floresta, levando a um declínio de espécies de estágios sucessionais avançados (que é o caso de C. espiritosantensis) e a um aumento da abundância de espécies pioneiras e secundárias iniciais (Rolim e Chiarello, 2004). A exploração de florestas naturais no Espírito Santo teve um caráter predatório e entrou em declínio no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o esgotamento das reservas florestais nativas e com o aumento do custo de transporte de madeira proveniente de áreas mais distantes (Siqueira, et al. 2004). Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importantes polos de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o Estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S. A. (Siqueira et al. 2004). Com 228781 ha de área ocupada com árvores de Eucalyptus, o Espírito Santo era, em 2014, o sexto estado da federação com a maior área plantada (IBÁ, 2015). O município de Aracruz (ES) com 142334 ha tem 28462 ha (20%) de seu território convertidos em pastagem. O município de Linhares, com 350371 ha, possui 34% de sua área (117270 ha) convertida em pastagem (Lapig 2018). Linhares (ES) está entre os municípios brasileiros produtores de cana-de-açúcar, cujos plantios iniciaram a partir da década de 1980 e substituíram as florestas nativas e áreas de tabuleiros (Mendonza et al. 2000; Oliveira et al. 2014; Pinheiro et al. 2010; Tavares et al. 2010). Tais cultivos são associados a prática da queima dos canaviais, com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e facilitar a colheita (Mendonza et al., 2000; Oliveira et al. 2014; Pinheiro et al. 2010; Tavares et al. 2010). De acordo com a Resolução MAPA nº 241/2010, Linhares é um dos municípios indicados para o plantio de novas áreas de cana-de-açúcar, destinadas à produção de etanol e açúcar. A CONAB (2018) estima uma área de cana-de-açúcar de 47,6 e 45,3 mil ha, para as safras 2017/2018 e 2018/2019, respectivamente, no Espírito Santo.
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Vulnerável (VU) à extinção na Lista Vermelha da IUCN (Pires O'Brien, 1998), e nacionalmente como Criticamente em Perigo (CR) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie ocorre na Reserva Natural Vale (Valdemarin 211) e em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo- 33 (ES).