Taxonomic Notes
Descrita em: Botanische Jahrbücher für Systematik, Pflanzengeschichte und Pflanzengeographie 33(Beibl. 72): 24. 1903 como Sclerolobium pilgerianum. Recombinada como Tachigali em 2006 em Catálogo das Árvores Nativas de Minas Gerais 140. 2006. Nomes vulgares: "caingá" (RJ), "ingá-louro" (ES) e "mucambo" (BA) (Silva, 2007); e "tapassuaré" (RJ) (Medeiros, 2009).
Justification
Árvore de até 30 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Popularmente conhecida como caingá, ingá-louro e mucambo, foi documentada em Floresta Ombrófila Densa, Mata de Cipó e Floresta Estacional, associadas à Mata Atlântica, nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Apresenta distribuição ampla, EOO=261190 km², AOO=140 km², constante representatividade em herbários, presença confirmada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral e considerada ocasional a frequente em algumas localidades (H.C. Lima, com. pess.; Rodrigues, 2010). Sabe-se que o hotspot Mata Atlântica encontra-se atualmente reduzido a cerca de 16% de sua área original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019), intensamente impactado pelo crescimento urbano e industrial do país, além de extensões consideráveis de áreas florestadas convertidas em pastagens e outras atividades agrossilvipecuárias, como cultivo de cana-de-açúcar, eucalipto, cacau e café, criação de gado leiteiro e extensivo para corte, utilizando-se regularmente o fogo e mecanização intensiva, o que resultou em elevado grau de degradação dos solos e virtual extinção de ecossistemas florestais (Gama-Rodrigues e May, 2001; Landau, 2003; Saatchi et al. 2002; Simões e Lino, 2003). Diante do exposto, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) neste momento. Sua ocorrência em áreas degradadas poderá causar declínio de habitat ou populacional em futuro próximo, diminuindo o número de situações de ameaça para menos de 10, caso as ameaças não sejam controladas, transferindo a espécie para a categoria Vulnerável (VU). Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação e Manejo Sustentável) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois uma extinção local pode ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para a implementação de Planos de Ação Nacional (PAN) em territórios situados ao longo da distribuição conhecida de Tachiglai pilgeriana.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, municípios Conceição da Barra (Luiza s.n.), Jequié (Macedo 953) e Una (Mori 13862); Espírito Santo, municípios Fundão (Kollmann 249) e Linhares (Nascimento 1039); Minas Gerais, municípios Catas Altas (Rezende 2411), Faria Lemos (Leoni 4378), Jaboticatubas (Tozzi 520) e Juiz de Fora (Orlando 24580); Rio de Janeiro, municípios Cachoeiras de Macacu (Lima 4216), Campos dos Goytacazes (Souza 570), Guapimirim (Lima 6398), Itatiaia (Silva 122), Mangaratiba (Nelteshim 116), Nova Iguaçu (Lima 5900), Paraty (Silva 114), Petrópolis (Glaziou 15933), Resende (Baez 1635), Rio de Janeiro (Soares s.n.) e Silva Jardim (Christo 441); São Paulo, município Santo André (Schwebel 34).
Population Information
A espécie apresenta terceira posição em dominância de espécies na cota de 500 metros de altitude, na Ilha da Marambaia, RJ (Rodrigues, 2010).
Habitat and Ecology Information
Árvores de 30 m de altura (Nelteshim 116), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na (Flora do Brasil, 2019), Mata de Cipó (Macedo 953) e Floresta Estacional Semidecidual Montana (Rezende 2411).
Threats Information
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003; Saatchi et al. 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004; Saatchi et al. 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004), os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). No passado, a Fazenda Muribeca, que abrangia o sul do Espírito Santo e norte do estado do Rio de Janeiro, era considerada a maior propriedade pecuarista do Brasil e se configurava como um importante elemento de interação da fronteira Espírito Santo- Rio de Janeiro, de forma a otimizar um trânsito populacional e financeiro constante na região. Além da pecuária, produzia-se cana-de-açúcar, mandioca e pescados (Plano de Desenvolvimento: Presidente Kennedy, 2018). Segundo a classificação de uso do solo, atualmente o pasto ocupa a maior parte da área dos municípios na região sul do Espírito Santo (SEAMA 2018). Na região Noroeste Fluminense a agropecuária (pecuária leiteira) é a principal atividade econômica. A pecuária é extensiva, com a estrutura fundiária concentrada e uso inadequado do solo. Além disso, nesta região o longo período de atividades agropecuárias, o uso regular de fogo e mecanização intensiva resultou em elevado grau de degradação dos solos e, por conseguinte, na decadência sócio-econômica da região, na qual as atividades de uso atual das terras são pastagens degradadas (Gama-Rodrigues e May, 2001). O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Nos estados onde a espécie ocorre, foram desmatados 1.985 ha na Bahia, 19 ha no Espírito Santo, 3.379 ha em Minas Gerais, 18 ha no Rio de Janeiro, e 96 ha em São Paulo.
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada em: FLONA Rio Preto (Luiza s.n.), Reserva Natural Vale (Nascimento 1039), Reserva Biológica Tinguá (Lima 5900), Estação Ecológica do Paraíso (Lima 6398), Parque Estadual da Pedra Selada (Baez 1635), Reserva Ecológica Municipal de Macae de Cima (Lima 3545), Reserva Biológica Poço das Antas (Lima 4582) e E.B. do Alto da Serra de Paranapiacaba (Sugiyama 1225). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al. 2015).